Ventura, suas lentes contam há anos as Copas

Copa do Mundo FIFA Catar 2022

27/11/2022  

Ventura, suas lentes contam há anos as histórias das Copas

Morador da cidade maravilhosa, esse cinegrafista que completou 79 anos no dia do jogo do Brasil esbanja humildade e simpatia ao longo de dez Copas do Mundo.

Não existe ninguém que cubra Copa do Mundo e não conheça Jorge Ventura. Imaginem um cara gente boa, de sorriso sempre aberto, discreto, mas sempre prestativo para ajudar qualquer pessoa. Esse é o cara que hoje trabalha ao lado de outra figura extremamente carismática no dia a dia da seleção brasileira, Kiyomi Fujiwara, uma jornalista japonesa que está no Brasil há pouco mais de vinte anos e com sua voz fina e seu jeito único de ser encanta a todos os atletas e jornalistas que acompanham a seleção brasileira.

Em meio a nossa rotina atrás da seleção pedi para conversar com esse profissional que é hoje um dos mais experientes profissionais de imprensa que acompanha efetivamente o time do Brasil em seu noticiário diário. Foi um bate papo bem enriquecedor onde ele falou de sua história, contou causos e avaliou o cenário atual do jornalismo e das coberturas esportivas.

Ventura fez seu primeiro mundial na Copa do México em 1986 pela extinta TV Manchete e em 1994, campanha do Tetra realizou um trabalho para a CBF que revolucionou a cena da época e hoje é uma realidade para seleções e clubes de todo o mundo. Ele fez o trabalho de espião digital, acompanhava treinamentos de outras seleções e passava tudo para a comissão técnica do treinador Carlos Alberto Parreira.

“Em 1994 deu certo meu trabalho, tanto é que rendeu muitas matérias a época. Eu era conhecido como o olho digital do Parreira. Tudo aconteceu de uma maneira única, pois fui apresentar o projeto diretamente para o Parreira e o Zagalo e imediatamente eles aceitaram e então fui integrado ao staff da CBF”, declarou.

Após o sucesso deste trabalho e já com o know how que ele possuía com serviços prestados para alguns clubes, como por exemplo o Flamengo, decidiu sair de veículos de comunicação de se dedicou a trabalhos freelancer, fazendo o seu horário e sua renda.

O destino quis que em 2002, o então presidente da Fuji TV, empresa japonesa de comunicação, fosse enviar ao Brasil uma jornalista para entrevistar o então presidente de honra da FIFA, João Havelange. Pela amizade que os dois tinham há anos ele pediu ao brasileiro uma indicação de um profissional para acompanhar a jovem jornalista Kiyomi Fujiwara que seria a responsável pela matéria.

Ventura era amigo de João Havelange que imediatamente o contactou. Pronto, ali nascia uma relação que dura vinte anos entre Jorge Ventura e o Japão. Uma relação que já produziu milhares de imagens ao longo desse tempo e ganhou não só a confianças dos orientais, mas também o respeito do seu trabalho sempre muito bem executado.

Desde então Ventura e Kiyomi seguiram trabalhando em todas as Copas do Mundos, jogos olímpicos, amistosos da seleção, além de matérias especiais com ex-atletas e tudo que remeta a relação entre o esporte brasileiro e o japonês.

“A Kiyomi conheceu o Zico antes de ela vir para o Brasil e por conta disso se tornou amiga do “Galinho”, a ponto de ter virado uma japonesa torcedora fanática do Flamengo”, disse Ventura.

Ele também comentou sobre as amizades que as coberturas geraram a ele ao passar dos anos.

“Hoje é muito diferente a relação com os atletas por conta de muitas barreiras que são colocadas, mas é a realidade dos novos tempos. Eu tinha um entrosamento muito grande com Romário, Bebeto, o Jorginho é meu parceiro e o próprio Dunga que mesmo na época que estava descontente com membros da imprensa ele conversava bastante com a gente. Uma vez eu e a Kiyomi fomos até Porto Alegre para gravar com ele”, declarou.

A dupla inseparável construiu uma amizade muito grande e hoje eles são uma referência em relação ao esporte brasileiro perante o Japão e seus serviços são disputados por vários canais locais que os contratam para diversas matérias e coberturas.

Ventura confidenciou que no início teve que ajudar bastante a colega jornalista quanto ao idioma, mesmo que ela já falava um pouco de português.

“Tudo que ela faz em vídeo, depois é transcrito para o japonês e como sempre os jogadores falam com muitas gírias, no início ela tinha um pouco de dificuldades em relação a certas palavras e me ligava de madrugada para perguntar o significado de determinadas coisas, mas hoje ela fala melhor do que eu”, brincou Ventura.

Para fechar perguntei a ele sobre um conselho que ele daria para as novas gerações que estão chegando no mercado e também sonhando em ter uma carreira tão vitoriosa como a dele e com muita humildade, típica daqueles que realmente são grandes ele disse algumas palavras.

“Eu não posso falar o que eles devem fazer, pois vivemos em uma época diferente. Tudo que aprendi ao longo dos anos foi se transformando. O importante é cada um sentir o seu jeito e buscar fazer da melhor maneira possível”, finalizou.

Esse é Jorge Ventura, um cara do bem e que faz muito bem o seu trabalho há tantos anos. Para mim uma referência de profissional que se preocupa em simplesmente fazer o seu conteúdo e vivenciar cada dia com muita paixão a sua atividade.

Parabéns Ventura por sua trajetória !!!


TEXTO: LUCIANO LUIZ


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