A liminar que buscava reverter o afastamento de Ednaldo
Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi
rejeitada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Mendonça, o processo transcorre há mais de seis anos nas instâncias
ordinárias da Justiça do Rio de Janeiro sem qualquer medida de urgência.
Ednaldo Rodrigues está afastado do comando da entidade desde 7 de dezembro, por
decisão da 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro (TJ-RJ).
O pedido da medida de urgência feita ao STF é de autoria do
Partido Social Democrático (PSD). O argumento é de que a decisão judicial do
TJ-RJ “afronta as atribuições constitucionais do Ministério Público e a
autonomia das entidades de práticas desportivas”. Na prática, a decisão da
Justiça do Rio derrubou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que permitiu
assembleias da CBF. Um dos encontros anulados foi o que elegeu Ednaldo.
Ao decidir sobre o pedido, Mendonça ressaltou que, apesar da
complexidade do caso, o processo transcorreu por mais de seis anos sem a
vigência de qualquer medida de urgência. Segundo o ministro, isso é motivo para
não conceder a liminar que faria Ednaldo voltar ao cargo de presidente da CBF.
ENTENDA O AFASTAMENTO DE EDNALDO RODRIGUES DA PRESIDÊNCIA DA
CBF
O caso começou quando uma ação do MP-RJ pediu a anulação de
assembleia geral realizada pela CBF, em março de 2017, que alterou regras
eleitorais internas. Alegou-se, à época, que as modificações não teriam
obedecido aos princípios da transparência e publicidade. Em 2021, essas
alterações foram anuladas. Em consequência, foram debatidas novas regras com
participação dos clubes e federações e realizadas novas eleições.
Em fevereiro de 2022, foi firmado acordo (Termo de
Ajustamento de Conduta) entre o MP-RJ e a CBF para conferir estabilidade em
favor da entidade máxima do futebol. No começo deste mês, o TJ-RJ julgou a
legalidade do TAC e anulou assembleias da CBF.
No pedido de liminar negado pelo STF, o PSD sustentou que a
manutenção do afastamento do presidente da CBF pode representar represálias por
parte da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e da Confederação
Sul-Americana de Futebol (Conmebol). José Perdiz de Jesus foi nomeado como
interventor e presidente em exercício da CBF. Isso desagradou Fifa e Conmebol,
que farão uma visita ao Brasil em janeiro.
Enquanto isso, Ednaldo Rodrigues já havia recorrido no
Supremo Tribunal Judicial (STJ) para reverter a situação, alegando que o seu
afastamento coloca em risco “a organização do futebol no País e toda a sua
cadeia econômica”. O pedido foi negado. O MP-RJ também foi ao STJ questionar a
decisão do TJ-RJ, mas o Tribunal não aceitou a tese apresentada.