O choro da Copa carrega história e tradição
Fora de mais uma Copa do Mundo o torcedor brasileiro chora diante de algo que sabe o tamanho que tem para sorrir.
Não é só um jogo e muito menos só futebol.
Copa do Mundo é diferente.
Copa reúne famílias e amigos que não possuem nem mesmo um time para torcer no estadual.
Copa faz a pessoa trocar a televisão e gerar um crediário de meses.
Copa é feriado nas escolas e no trabalho.
Copa gera churrascos entre vizinhos que pouco se falam.
Ah....Copa é diferente.
Copa do Mundo é algo que cresci torcendo e me emocionando, muito antes de ser jornalista e de poder viver este sonho de dentro.
A competição mais importante do planeta é uma das mais curtas. Em sete jogos, atletas decidem páginas de uma história que é absolutamente eterna e de um volume incalculável de dimensão.
As vezes tudo até parece ser parecido ao entrar em uma engrenagem natural da cobertura esportiva, mas confesso que me reservo o direito de enfrentar a “síndrome da mesmice”, exclusivamente em Copas do Mundo.
É realmente diferente.
E participando in loco em outros países, aí a coisa toma uma dimensão ainda maior. Porque aí nos deparamos com cenas únicas que são inexplicáveis para quem não sente o futebol nas veias.
Crianças chorando, adultos se abraçando, jornalistas com lágrimas nos olhos em prantos. Brasileiros tristes com uma derrota que é carregada de significados e estes significados são totalmente distintos para cada um.
Vi filhos, esposas e pais de jogadores que lamentam pelos atletas na pessoa física. Outros milhares de torcedores que investiram muito ou pouco para vivenciarem uma Copa do Mundo com a esperança de presenciarem o hexa. Profissionais da imprensa que tinham o sonho de cobrirem uma conquista da seleção.
O que mais me dói é ver o choro de crianças, pois esse é puro e verdadeiro e vem carregado de sentimentos que ainda estão em sua formação.
Essa eliminação me trouxe a imagem de torcedores que não eram brasileiros e envolvidos naquela atmosfera de sofrimento iniciaram suas lágrimas em uma fusão de compaixão e comoção.
Realmente a Copa é diferente.
Quando imaginar que pessoas com origens tão diferentes da nossa sofressem ao lado dos brasileiros por algo tão irrelevante como parece ser o futebol, pois para povos que convivem com guerras, separações e segregações, me desculpem, mas é só um esporte.
Mas Copa é diferente.....é realmente muito diferente.
Seguimos aqui em Doha acompanhando o Mundial e mesmo decepcionado com a eliminação do Brasil irei manter o astral pois o privilégio de estar em mais uma Copa é maior que até mesmo o resultado final da mesma.
Afinal de contas, a Copa é diferente.
Seguimos na Copa !!!
TEXTO: Luciano Luiz