Bélgica x França - A história da primeira semi

Crônica de Luciano Luiz

10/07/2018  

São Petersburgo recebe tribos das mais diversas cores e assim é sempre nas fases decisivas em Copas do Mundo. São pessoas do mundo inteiro que apostam em suas seleções e saem comprando bilhetes acreditando que seu país estará nas grandes decisões.

E aqui não é diferente, encontramos com muitos brasileiros, argentinos, uruguaios e mexicanos, além é claro dos russos que realmente abraçaram o mundial e muito mais que isso, a arte de viver e receber pessoas de todo o planeta em sua casa.

Uma hora para o jogo começar e os povos já se confraternizam dentro e fora do estádio. Desde os cantos tradicionais de cada país aos abraços e sorrisos que não possuem idioma ou mesmo regras.

É Copa do Mundo.

Os técnicos ainda quebram a cabeça nos vestiários, estudam a melhor forma de derrotarem o adversário mas do lado de fora é um sentimento diferente, principalmente para nós brasileiros que estamos aqui somente como expectadores dos melhores do futebol.

Nos sentimos mais soltos e menos tensos e é lógico com um pouquinho de dor de cotovelo em estarmos fora dessa linda festa.

Equipes escaladas. Teremos uma França com Griezmann, Mbappe, Pogba e tantos outros contra uma Bélgica de Lukaku, Hazard, De Bruyne e também um monte de feras. 

As escalações prometem e foram feitas através de dois grandes treinadores. De um lado o  campeão mundial em 98, Didier Dechamps com a França e do outro o espanhol Roberto Martinez que vem fazendo história com esse elenco mágico da Bélgica.

Que jogo esta se desenhando e agora só nos resta esperar a bola rolar aqui em São Petersburgo.

Agora é com eles, contagem regressiva no telão, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 ...rola a bola.

O jogo começa com a maioria  do estádio torcedo pela Bélgica. Mais uma vez nos deparamos com aquele fenômeno mundial de sempre quem não está envolvido no jogo tende a torcer para a equipe mais fraca, não que a Belgica seja uma zebra mas o fato de nunca terem chegado a uma decisão desperta esse sentimento nas pessoas e ainda para ajudar os diabos vermelhos estão atacando mais nos primeiros minutos.

Os primeiros dez minutos já foram e vimos uma Belgica muito consciente de onde está e com quem está. Já a França se guarda para o bote certeiro. Jogo bom em São Petersburgo.

Aos quinze minutos o primeiro lance de  perigo claro na partida, Hazard domina sozinho na entrada da área e chuta cruzado para fora. A Belgica tem mais posse de bola mas o goleiro Lloris pouco trabalhou até agora. Como para muitos a presença do Brasil era certa nessa semi final os gritos da torcida brasileira desde o tradicional "Mil gols, só Pelé, só Pelé..." e o novo "Brasil Olê. olê. olê", ecoam a todo instante.

A massa verde e amarela canta alto no estádio e enquanto isso vemos uma Belgica mandando no jogo e já merecendo o primeiro gol. o Goleiro Lloris que até os quinze não tinha trabalhado, com vinte e dois minutos já fez pelo menos duas grandes defesas.

Segue 0x0.

O mais maravilhoso em uma Copa do Mundo é olhar para as arquibancadas e ver bandeiras que vão desde os nossos Corinthians, Flamengo, Grêmio e Guarani até países eliminados como Japão, Argentina, Brasil, Peru, Irã, Rússia, Alemanha ou mesmo alguns que nem para a competição se classificaram como Argèlia, Israel, Honduras e Venezuela. É realmente fantástico.

Ah, dentro do campo...segue uma Bélgica muito bem organizada, com uma disciplina tática impar e sempre pressionando contra uma França que parece estar esperando uma bola para chegar a final.

Passamos dos trinta minutos do primeiro tempo e mais uma vez vemos aqueles lances que só acontecem em mundiais, Hazard faz fila pelo lado esquerdo mas sai sozinho com a bola. O público levanta e o aplaude pela plástica da jogada sem se preocupar por qual equipe estava jogando.

E na regra do quem não faz toma, quase a França abre o placar após Mbappe colocar Giroud na cara do gol mas 9 francês que não faz a Copa dos sonhos desperdiça mais uma. Segue 0x0.

Com trinta e sete minutos o jogo fica paralisado para atendimento do atacante francês e é a deixa para ouvirmos os gritos da torcida brasileira e absoluto protagonismo no estádio.  Que coisa hein, realmente nossa torcida merecia um time melhor do que vimos nessa Copa.

Seguimos o jogo para ver o lateral Pavard da França entrar sozinho na cara do gol obrigar Cortuois a seu primeiro milagra da noite. Esse belga que defende o Chelsea é sem dúvida um dos melhores goleiros da atualidade no planeta.

Fim do primeiro tempo, tudo como começou. Se fosse no boxe a Bélgica estaria levando por pontos já que procurou mais o ataque, mas como aqui é futebol, tudo segue aberto e nada resolvido.

Vamos para o intervalo.

Rola a bola para mais quarenta e cinco minutos de muita emoção. As duas equipes voltam com a mesma formação. Agora é emoção !!!

GOL, com menos de cinco minutos após cruzamento da direita Umtiti se antecipa a zaga belga e abre o placar para os franceses. É o bom e apaixonante futebol dando mais uma vez provas que volume de jogo não significa efetivamente vantagem no placar.

Hora de ouvirmos a torcida francesa cantando em São Petersburgo. A Bélgica acusa o golpe e começa a errar passes, enquanto isso o mais tranquilo time frances toca a bola e quase amplia com Mbappe. 

A Belgica busca retomar o controle do jogo e focar no toque de bola, segue dando as cartas no  mas o nervosismo é claro diante de todos. Em um extremo do estádio temos a torcida francesa que canta e dança na arquibancada, no outro extremo a torcida belga que também sentiiu o gol sofrido e fica quieta e angustiada, enquanto na parte  central e nas cadeiras superiores seguimos ouvindo os gritos de "Brasil, Brasil, Brasil" , brasileiro realmente não desiste nunca. Esse jogo era o nosso, ah Neymar, ah Neymar.

Chegamos aos vinte minutos e temos um jogo aberto com a Belgica tomando as ações do jogo mas deixando espaço para uma França muito mais consciennte no campo. Em dois contra ataques franceses os belgas tiveram que matar o lance e em ambos receberam o cartão amarelo.

Temperatura baixa na Rússia, o tempo passa e o jogo segue em ótimo nível . Neste momento o placar eletrônico anuncia o público em São Petersburgo,64.286 torcedores.

Quase trinta e os belgas se atiram ao ataque, vale a passagem para disputarem a primeira final de Copa em sua história. Os franceses querem chegar em sua terceira decisão e agora contam não só com o talento de Griezmann, Mbappe e Cia, mas com um reforço que é implacável e joga do seu lado neste momento, o relógio.

Martinez faz tudo que pode, coloca mais jogadores com características ofensivas, avança a marcação mas do outro lado dessa vez encontrou uma equipe muito bem armada e principalmente  comprometida tática e tecnicamente. Enquanto isso Deschamps mexe no time  para ter mais posse de bola e sangue novo no meio campo.

E como tem coisas que são universais chegamos aos quarenta do segundo tempo com a França naquele tradicional "cai cai" que tanto nos irrita.

Estádio todo de pé, falta muito pouco para presenciarmos  mais uma página importante da história das Copas do Mundo. Vamos conhecendo o primeiro finalista do mundial de 2018. O placar anúncia que o árbitro vai dar seis minutos de acréscimos. Atmosfera absolutamente emocionante para quem ama o esporte e por ele esta aqui. Franceses cantam, belgas lamentam.

Fim de jogo, a França conquista o direito de disputar sua terceira final e vai esperar o confronto de amanhã entre Croácia x Inglaterra para saber qual será seu adversário no dia quinze de julho em Moscou. A Belgica resta lamentar a falta de objetividade para justificar seu maior volume de jogo e seguir em São Petersburgo para a disputa de terceiro lugar no próximo dia quatorze de julho. 

Foi um grande jogo de duas escolas que vivem momentos históricos com essa geração de atletas. Vence o futebol e hoje venceu a França.


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